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Conheci na Região das Águas Doces, no sul do Rio Grande do Sul, a propriedade das 3 Águas. A 1ª água é um açude em forma de cuia de chimarrão de uns 8,5 mil metros quadrados, com quatro eucaliptos que generosamente sombreiam uma das curva de suas águas. A 2ª é um bebedouro de animais de mais ou menos 300 metros quadrados numa encosta verde, vizinhando com uma mangueira e árvores nativas. A 3ª é um poço com uns 100 metros quadrados, pouco fundo, muito peixinho e grama verde.
Estas águas saciam a sede de mamíferos, répteis, e aves. Algumas aves são nativas como: a caturita, o joão-de-barro, o cardeal, o sabiá, o pica-pau, a perdiz e a coruja. Outras são migrantes vindas das terras frias. O que me encantou naquele lugar foi a liberdade das aves, e a possibilidade que têm de seguir tranquilamente seu projeto de alçar voos, altos ou rasantes, livres, elegantes, mas sempre em direção ao horizonte.
Numa tarde, sentada na encosta, namorando as três águas e seus ilustres visitantes, pensei nos nossos voos. Ao voo liguei nosso projeto de vida, nosso plano, nosso esquema vital encaixado nas nossas prioridades, valores e expectativas que nos fazem sonhar com o destino e decidir como viver. Este projeto, ligado à felicidade, faz o coração desejar gozar a vida em plenitude. Por isso inclui tudo o que nos acrescenta bem-estar e combustível para lutar para conseguir.
Naquela barranca vi como as asas dos pássaros concretizam seu plano teórico previamente traçado, o que nem sempre acontece conosco, pois nossas teorias nem sempre se encaixam no quebra-cabeça da pratica, já que viver não tem cem por cento de controle. O importante é saber o que queremos e o que nos satisfaz para evitar frustração, mal-estar, tristeza, e infelicidade.
Este tempo de isolamento social mostra que o valioso é ter objetivo, não importando se a data prevista será ou não cumprida, pois o alentador é o desafio, o crescimento, o olhar para a frente, para o alvo, para a razão de caminhar.
Nosso projeto, em algum momento, pode cruzar no de outros, isto pode ampliar e compartilhar conquistas, como no bando das aves cujo projeto comum as motiva a ajustar a ação dando sentido ao voar.
Lá senti que cada momento da vida é propício para definir aonde chegar, provar a liberdade, visualizar a posição ideal para atingir sonhos e apostar na felicidade.
Naquela barranca constatei que nossas asas são os nossos projetos e que o horizonte são os nossos objetivos. Eles nos fazem desbravar a vida, nos sentir livres, e esta aventura de viver vale a pena. Aqui finalizo com Saint-Exupéry que diz: liberdade é voar por espaços sem limites, que vão ao encontro dos nossos sonhos.
Caro leitor, também observas a natureza e fazes analogia com a vida humana? Já pensaste prá que horizonte se nos faltarem as asas?